...só vendo que beleza!
nela revirou-se a gente pelo avesso, redescobrimos forças insuspeitas dentro de nós, empreendemos uma revolução de nós mesmos que só sabemos dela nós porque aconteceu cá dentro. Aqui, nesta casa, resignificamos nossas famílias de origem para tornar possível que a nossa florescesse e vigorasse. Aqui, na tarefa sublime e reveladora de me educar pra te cuidar tive a experiência sublime de alcançar estágios de paz que somente na infância remota lembro-me de ter experienciado. Retomei um precioso contato com a natureza, através do mini-ecossistema que nos circunda, que me remonta à felicidade. Nestes simples exercícios diários pude rememorar-me de mim mesma. Entre o cansaço das noites mal dormidas e a paz de presente que a vida me trazia e ainda me traz, sempre tive como cúmplice nossa toca, nosso ninho, que abriga a trindade: o espaço sagrado. Isso é ouro - se essas paredes falassem... ficariam mudas pra sempre!!!!
Temos vizinhos atores, diretores, músicos, arquitetos, palhaços, poetas. Tivemos dois ilustres: Machado de Assis e Cecília Meirelles, os quais, por algum estratagema do destino (?????), não foram nossos contemporâneos. No entanto, a poesia transporta os tempos pra qualquer lugar, Cecília, que morou no número 30 e poucos, logo no começo da nossa rua, escreveu-me um poema ao me ver passar pr'aqui e pr'acolá com você no colo, no carrinho, na "carcunda", andando, correndo, cantando, chorando,contando uma história... apressada, calma, aflita, em paz, algumas vezes, sozinha. E, ao observar-me atentamente, a cada dia, a vizinha sagaz conseguiu captar-me neste respiro da vida, no Cosme Velho. Compartilho contigo o poema que ela me mandou, através de uma amiga:
Às vezes abro a janela e encontro o jardineiro em flor
Outras vezes encontro nuvens espessas
Avisto crianças que vão para a escola
Pardais que pulam pelo muro
Gatos que abrem e fecham os olhos sonhando com pardais
Borboletas brancas, duas a duas,
como refletidas no espelho do ar
Marimbondos que sempre me parecem
personagens de Lope de Vega.
Às vezes, um galo canta
Às vezes, um avião passa
Tudo está certo, no seu lugar,
cumprindo o seu destino
E eu me sinto completamente feliz
Mas quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela,
uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas,
e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar
para poder vê-las assim
Outras vezes encontro nuvens espessas
Avisto crianças que vão para a escola
Pardais que pulam pelo muro
Gatos que abrem e fecham os olhos sonhando com pardais
Borboletas brancas, duas a duas,
como refletidas no espelho do ar
Marimbondos que sempre me parecem
personagens de Lope de Vega.
Às vezes, um galo canta
Às vezes, um avião passa
Tudo está certo, no seu lugar,
cumprindo o seu destino
E eu me sinto completamente feliz
Mas quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela,
uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas,
e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar
para poder vê-las assim
Cecília Meirelles
ao ler: um suspiro profundo!
ResponderExcluirlindo texto!
Elaysa
Môre mais lindo, belíssimo, aconchegante como nossa casa o é! Te amo Smepre.
ResponderExcluirPite
inspiração pura!!!
ResponderExcluirBeijo
mais uma vez lindo Ana!!beijo Celinha
ResponderExcluirmuita saudade!!!!
ResponderExcluirQue texto transcendente! Minha amiga, parabéns! Estou muito feliz de ter encontrado a cronista e reencontrado a amiga!
ResponderExcluir